Caro amigo interlocutor,
É um prazer e
uma alegria estar com você!
Continuaremos
na abordagem sobre a ciberliteratura.
Numa
acepção mais restrita, ciberliteratura implica a raíz ciber ligada à sua origem etimológica grega
(condutor, governador, piloto) ou seja, respeitante à
automação e à cibernética. Segundo Barbosa (1996), o termo ciberliteratura é proposto para designar um gênero
literário em que o computador é utilizado criativamente como uma "máquina
semiótica manipuladora de sinais".
Alain Vuillemin no seu livro Littérature et Informatique (1996) propôs na França o termo LGO
(sigla francesa de LGC: Literatura Gerada por Computador) para designar
globalmente todo este tipo novo de criação literária. Na verdade o procedimento
textual usado cria uma divisão entre algoritmo criativo e os textos gerados ou
a gerar, daí o seu caráter virtual.
Na literatura portuguesa, poderá citar-se Teoria do Homem Sentado (1996) e Motor Textual (2001), ambos de Pedro Barbosa, como
exemplo de primeiros livros virtuais em suporte digital dinâmico publicados na
linha desta tendência generativista.
Mais recentemente, outros autores como Rui
Torres (com Amor de Clarice,
2006) vêm desenvolvendo o seu trabalho em literatura programada associando à generatividade da base de
componentes fortemente multimídia e interativos que os situam numa continuidade
renovada da poesia sonora e visual animada por computador. Contudo, a maioria
das produções estéticas elaboradas neste domínio são diretamente lançadas na
Web e aí divulgadas nas respectivas línguas, o que se traduz numa enorme
diversidade confusa de experiências criativas ainda difíceis de sistematizar.
Portela (2003 apud SANTAELLA 2012) afirma que a utilização do computador como instrumento
da escrita começou de fato nos finais dos anos 1950, com as primeiras
tentativas de produzir textos cibernéticos, isto é, gerados por processos
combinatórios desenvolvidos com recurso a computadores, ou por analogia
com tais processos.
Isto caracteriza a revolução informacional que ocorreu durante um curto espaço de tempo, e trouxe novos gêneros textuais que representam uma sociedade reconfigurada, pautada pela informação como "moeda de troca". (ORMUNDO; WETTER, 2013)
Esses novos caminhos possíveis trouxeram a possibilidade de novas criações artísticas e literárias, e também desafios. Augusto de
Campos (2011, p. 38), afirma que “o maior desafio da videopoesia não
é ilustrar poemas comuns, ou convertê-los artificialmente em poemas visuais,
mas desenvolver poemas estruturalmente ligados à linguagem cinética, textos
que sejam congeniais a ela”. Assim, reproduzir e criar novos materiais implica avançar, retroceder, arquivar, distorcer, gerar e distribuir informação e experiências (SANTAELLA, 2012, p. 233).
Assim, a literariedade eletrônica, por assim dizer, se coloca diante de um mundo pós-moderno, globalizado, frente a novas questões de busca do conhecimento e informação.
Até a próxima!
#ContextualizandoLP