quinta-feira, 18 de maio de 2017

A ciberliteratura: Novos caminhos possíveis.

Caro amigo interlocutor,

É um prazer e uma alegria estar com você!

Continuaremos na abordagem sobre a ciberliteratura.

Numa acepção mais restrita, ciberliteratura implica a raíz ciber ligada à sua origem etimológica grega (condutor, governador, piloto) ou seja, respeitante à automação e à cibernética. Segundo Barbosa (1996), o termo ciberliteratura é proposto para designar um gênero literário em que o computador é utilizado criativamente como uma "máquina semiótica manipuladora de sinais".


Alain Vuillemin no seu livro Littérature et Informatique (1996) propôs na França o termo LGO (sigla francesa de LGC: Literatura Gerada por Computador) para designar globalmente todo este tipo novo de criação literária. Na verdade o procedimento textual usado cria uma divisão entre algoritmo criativo e os textos gerados ou a gerar, daí o seu caráter virtual. 

Na literatura portuguesa, poderá citar-se Teoria do Homem Sentado (1996) e Motor Textual (2001), ambos de Pedro Barbosa, como exemplo de primeiros livros virtuais em suporte digital dinâmico publicados na linha desta tendência generativista. 

Mais recentemente, outros autores como Rui Torres (com Amor de Clarice, 2006) vêm desenvolvendo o seu trabalho em literatura programada associando à generatividade da base de componentes fortemente multimídia e interativos que os situam numa continuidade renovada da poesia sonora e visual animada por computador. Contudo, a maioria das produções estéticas elaboradas neste domínio são diretamente lançadas na Web e aí divulgadas nas respectivas línguas, o que se traduz numa enorme diversidade confusa de experiências criativas ainda difíceis de sistematizar.

Portela (2003 apud SANTAELLA 2012)  afirma que a utilização do computador como instrumento da escrita começou de fato nos finais dos anos 1950, com as primeiras tentativas de produzir textos cibernéticos, isto é, gerados por processos combinatórios desenvolvidos com recurso a computadores, ou por analogia com tais processos. 

Isto caracteriza a revolução informacional que ocorreu durante um curto espaço de tempo, e trouxe novos gêneros textuais que representam uma sociedade reconfigurada, pautada pela informação como "moeda de troca". (ORMUNDO; WETTER, 2013)

Esses novos caminhos possíveis trouxeram a possibilidade de novas criações artísticas e literárias, e também desafios. Augusto de Campos (2011, p. 38), afirma que “o maior desafio da videopoesia não é ilustrar poemas comuns, ou convertê-los artificialmente em poemas visuais, mas desenvolver poemas estruturalmente ligados à linguagem cinética, textos que sejam congeniais a ela”. Assim, reproduzir e criar novos materiais implica avançar, retroceder, arquivar, distorcer, gerar e distribuir informação e experiências (SANTAELLA, 2012, p. 233).

Assim, a literariedade eletrônica, por assim dizer, se coloca diante de um mundo pós-moderno, globalizado, frente a novas questões de busca do conhecimento e informação.

Até a próxima!
#ContextualizandoLP

Introdução à Ciberliteratura

Caro amigo interlocutor,

É um prazer e uma alegria estar com você!

Como de costume, mais uma vez repaginamos este blog e retornamos para tratar de assuntos de interesse geral para os estudantes de Letras.


Hoje, abordaremos um tema muito atual, que traz reflexões acerca da sociedade pós-moderna: a ciberliteratura ou cibercultura. 

Com o advento do novo capitalismo, surgiram novas mídias digitais, e consequentemente a Literatura de modo geral, também se transformou e ganhou espaço no mundo das TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação). Desse modo, também alteraram-se alguns aspectos, no que concerne à sua divulgação.

Para Jenkins (2009 apud ORMUNDO; WETTER, 2013), vivemos hoje em um mundo em que toda história que é relatada a alguém passa por inúmeros veículos: TV, cinema, celular, internet, videogames, entre outras mídias. Isso caracteriza a cultura da convergência, na qual se insere a cibercultura. Viires (2006, p.2) mostra que se trata do acesso à Literatura, disponível nas redes, nos mais diversos veículos: sites e blogs de escritores profissionais, antologias digitais e revistas literárias online.

Sendo assim, pode-se concluir que não se trata de uma visão única para este conceito. Assim como uma sociedade globalizada, que é multifacetada, a ciberliteratura acompanha este processo, trazendo às Teorias Literárias um conjunto de questões para reflexão.

Aprofundaremos, nas próximas postagens, as discussões a favor e contra esse campo emergente, bem como suas construções nas Literaturas Brasileira e Portuguesa.

Até lá!
#ContextualizandoLP