segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Noções básicas de MORFOSSINTAXE - Aula do dia 14/08/2017


Conforme o próprio nome sugere, a Morfossintaxe da Língua Portuguesa coloca em relação o estudo das classes gramaticais das palavras, ao mesmo tempo em que se analisa a função de cada elemento em uma sentença. Ao produzir enunciados, o falante dispõe de regras já convencionadas por sua comunidade linguística, como, por exemplo, a comunidade de Língua Portuguesa no Brasil, e recorre a elas, de modo a se expressar formulando frases capazes de produzir efeitos de sentido no ato de comunicação.
Isto posto, entende-se que é necessário compreender determinados conceitos os quais envolvem essa produção de enunciados, sejam eles textos falados ou escritos. É importante ressaltar que, os profissionais da área de Letras devem dominar essas noções, de modo a ampliar suas capacidades linguísticas, bem como contribuir para a produção de conhecimento nas mais diversas áreas, sobretudo nos momentos de ensino-aprendizagem, colaborando para a formação de discentes conscientes a respeito do estudo da sintaxe e da morfossintaxe.
A primeira noção basilar é a da dupla articulação da linguagem. Trata-se de um conceito importante proposto pelo estudioso Martinet. Sumariamente, consiste em dizer que todas as línguas faladas pelo homem podem ser analisáveis em unidades significativas, tanto no plano do conteúdo (primeira articulação: SIGNIFICADO) como no plano da expressão (segunda articulação: SIGNIFICANTE).
As unidades significativas pertencem ao nível do significado, porquanto são providas de um conteúdo semântico. Mais conhecidos como os morfemas (1ª articulação), por exemplo:

O/S GAT / O / S BRANC / O / S D / A MENIN / A RIC/ A

Já nas unidades não significativas são desprovidas de sentido. No nível do significante, estão as manifestações fônicas. Observando os exemplos, percebemos a função de distinguir os fonemas:

GATo - o /g/ de GAT permite distinguir este significante de outros como
PATo
RATo
etc

Outra noção essencial para compreender o processo de linguagem, bem como a análise de seus termos em uma sentença, é a de sintagma e paradigma. Retomando os estudos de Ferdinand de Saussure (Curso de Linguística Geral), obtém-se doutrinas, as quais foram baseadas em antinomias, distinções, ou ainda dicotomias. Uma destas dualidades, a qual nos interessa para o estudo em questão, é a de que na língua existem dois tipos de relação: paradigmática e sintagmática.

As relações do eixo sintagmático demonstram o caráter linear do signo linguístico, que por sua vez exclui a possibilidade de se pronunciar dois elementos ao mesmo tempo. Numa linha horizontal, o eixo das sucessões corrobora a ideia de que o sintagma se compõe sempre de duas ou mais unidades consecutivas.
Já o eixo paradigmático, entrelaçado com o eixo sintagmático, promove associações em uma linha vertical com todas as unidades que poderiam ocorrer num dado contexto, ou em oposição, ou ainda em variação livre com a unidade em questão. Por exemplo, em “O menino é bonito” cada unidade pode ser substituída por associação, de acordo com a memória discursiva do falante.

esquem dicotomia.png

Sendo assim, retomando o conceito da dupla articulação da linguagem o qual nos referimos anteriormente, há categorizações que agrupam morfemas lexicais e morfemas gramaticais, de acordo com a função. Os lexemas nomeiam os elementos básicos do mundo (objetos, qualidades, ações) e também relacionam estes três elementos básicos.São eles representados pelos substantivos, adjetivos e advérbios nominais.
No segundo grupo há os morfemas que colocam em relação os elementos do primeiro grupo, sendo estes os gramemas. São subdivididos em determinantes (artigos, pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos e relativos), substitutos (pronomes em posição substantiva), quantificadores (numerais cardinais, advérbios, pronomes indefinidos), relatores (preposições e conjunções) e auxiliares (verbos derivados de outros verbos), de acordo com a função na relação morfossintática.

Ex.: Este menino é mesmo um caso de poesia
        (G)    (L)  (L)     (L)   (G)  (L) (G)   (L)

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