quinta-feira, 15 de setembro de 2016

As Dicotomias Saussurianas e o Circuito da Fala

Caro amigo interlocutor,

É um prazer e uma alegria estar com você!

Na publicação de hoje, daremos continuidade às ideias de Saussure. Nesta postagem, introduziremos as Dicotomias Saussurianas, e falaremos também sobre o Circuito da fala.
No livro “Para compreender Saussure”, o professor Castelar de Carvalho expõe:

Hoje, mais de meio século depois do seu desaparecimento, Saussure é estudado com o respeito, o cuidado e a atenção que merecem os gênios. Todos quantos se aprofundam na pesquisa de suas postulações adquirem consciência da importância do Cours para a Linguística moderna e passam a compreender por que Saussure é considerado um divisor de águas no estudo científico da linguagem.              (CARVALHO, 1976, p. 20)

Como já dito, a Linguística Moderna é uma ciência cuja qual possui a Língua (Langue) como seu objeto de análise, de modo a investigar e estudar a comunicação e expressão entre comunidades linguísticas, utilizando o sistema de signos linguísticos.

De acordo com a informação acima e exemplos dados na postagem anterior, pode-se afirmar que o significante está intrinsecamente ligado ao significado do signo linguístico, tal qual uma folha de papel, a qual não pode ser furada de um lado sem ser furada do outro.

Sobre as antinomias (ou dicotomias), o próprio Mestre Genebrino afirma que “A linguagem é redutível a cinco ou seis dualidades ou pares de coisas” e ainda: “(...) o fenômeno lingüístico apresenta perpetuamente duas faces que se correspondem e das quais uma não vale senão pela outra” (CLG, p. 15)

Explanou-se na postagem anterior a noção geral da dicotomia “Langue X Parole”, e também “Significado X Significante”. Sendo assim, depreende-se a partir das citações acima que o conceito de dicotomia está relacionado à divisão de um conceito em duas partes, geralmente contrárias, “das quais uma não vale senão pela outra”.

Além destas, também existem outras antinomias, entre as quais algumas serão elucidadas:

SINTAGMA X PARADIGMA

Para Saussure há dois modos de funcionamento da linguagem, a combinação (relações sintagmáticas), e a seleção (relações associativas ou paradigmáticas), a partir disso os interlocutores escolhem as palavras e formam as sentenças combinando-as de forma correta, de acordo com o esquema abaixo:



Assim sendo, no eixo das relações existe uma sucessividade, visto que não se fala um item lexical ao mesmo tempo em que se fala outro; são pronunciados linearmente. E no eixo das associações há uma oposição distintiva, pois o falante utiliza o “material linguístico” disponível em sua mente para formar a sentença de maneiras diferentes. Há uma definição bastante didática para o termo, apresentada no “Pequeno Vocabulário de Linguística Moderna” (BORBA, 1976): “Paradigma é o conjunto de unidades suscetíveis de aparecer num mesmo contexto.”


SINCRONIA X DIACRONIA

No Cours de Linguistique Générale, Saussure afirma que “é sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciência; diacrônico tudo que diz respeito às evoluções” (CLG, p. 96)
A diacronia é considerada uma forma de estudo levando em conta a evolução histórica ao longo dos tempos. Por outro lado, o estudo sincrônico não leva em conta a História. Portanto, se o linguista realiza um estudo diacrônico, está levando em conta a relação de um fenômeno com ocorrências relacionadas a este fenômeno (anteriores ou posteriores). Mas caso o linguista se utilize da sincronia, fará apenas um “recorte” no estudo da língua (Sin – ao mesmo / Cromos – tempo).


CIRCUITO DA FALA
Levando em conta duas das principais Dicotomias Saussurianas (LÍNGUA X FALA / SIGNIFICADO X SIGNIFICANTE), pode-se entender o circuito da fala, que ocorre por meio de três processos sucessivos (FÍSICO / FISIOLÓGICO / PSÍQUICO), e para que se realize, é necessário que exista um falante A e B. Observe abaixo:


O falante A mentaliza um ponto de partida, um conceito, acompanhado de uma imagem acústica (processo psíquico), tal pensamento é transmitido pelo cérebro aos órgãos de fonação (processo fisiológico). Em seguida a fala é emitida por meio de ondas sonoras chegando ao ouvido do falante B (processo físico). E então, o circuito de repete, manifestando a comunicação.


Caso queira, faça suas considerações pelos comentários.
Agradecemos pela atenção!
Até a próxima! #ContextualizandoLP

Um comentário:

  1. Interessante o blog, mas a figura 2 que representa o circuito da fala foi uma adaptação do circuito da fala que eu fiz na minha Tese "Da linguagem e sua relação com o autismo: um estudo linguístico saussureano e benvenistiano sobre a posição do autista na linguagem" publicada em 2011 na UFPB, onde acrescentei à figura original do CLG, os indicadores da ocorrência da audição, da fonação e do conceito e imagem acústica. Assim, a fonte não é o CLG, e sim, minha Tese.

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