domingo, 3 de abril de 2016

Contextualizando os fatores da textualidade

Caro amigo interlocutor,

É um prazer e uma alegria estar com você!

Hoje, convido-lhe para falar de um assunto fascinante! Um entre os infinitos dentro do nosso tão querido idioma: “Os fatores da textualidade”


Caso você não saiba, gostaria de informá-lo previamente que os registros linguísticos não se dão apenas através deste modo de comunicação que estamos realizando. Ou seja, quando falo de texto não devo considerar apenas o texto escrito, visto que em nosso cotidiano estamos decodificando diversas mensagens – verbais e não verbais – e estas podem ser consideradas como textos.

Em suma, portanto, a palavra texto pode ser definida como uma unidade de linguagem em uso, cumprindo uma função sociocomunicativa.

Dentro disso, é possível ampliar nossa visão a partir do que entendemos como texto. Mas, dentro da análise textual, pode-se destacar alguns fatores essenciais para a melhor compreensão de um texto. Os dois primeiros são a coesão e a coerência (fatores linguísticos). Didaticamente falando, podemos designar a coesão como sendo a estrutura das palavras e frases, de modo haver harmonia entre elas, e a coerência é o texto como um todo; o “costurar” das frases e ideias, formando o texto. Fazendo uma analogia, seria como um campo de futebol: a coerência é o estádio em si, e a coesão são os jogadores; os elementos que compõem toda a estrutura de ideias.

Além deste, existem os fatores pragmáticos do texto, que são:    
  •          Intencionalidade
  •      Aceitabilidade
  •      Informatividade
  •      Intertexualidade
  •      Situacionalidade

O fator “intencionalidade” trata, como o próprio nome diz, das ideias e pensamentos do autor ao escrever o texto. “Quais são suas intenções?” “Qual foi a ideia central em mente na elaboração de tal texto?” “O que ele deseja transmitir ao leitor?”. Essas são algumas  questões-chave que podem ser feitas para melhor interpretação. Sobretudo, os recursos que ele utilizou para sua construção textual, com a finalidade de convencer, entreter, emocionar, informar, etc.

A aceitabilidade compreende o “recebimento” do texto por parte do leitor, não no sentido de aprovação ou reprovação, mas sim de captar a mensagem, os pressupostos e os juízos de valor inseridos no texto pelo autor, porém de certa forma intrínsecos no texto.

No fator informatividade, considera-se o equilíbrio entre informações previsíveis e imprevisíveis no texto. Como exemplo, podemos pensar no Romantismo, os diversos romances europeus em forma de folhetins do século XIX, onde havia praticamente um roteiro de acontecimentos – início da história, conflito e superação – e geralmente os mesmos personagens, entre os “mocinhos” e “heróis”. Para reverter este quadro, o autor deve saber incrementar os dois elementos, de modo que haja interesse por parte do leitor.

A intertextualidade pode ser tida como uma “conversa” entre textos, ou seja, utilizar-se de outros textos dentro de um texto, de modo reforçar argumentos, estruturar ideias, ilustrar alguns fatos, ou apenas enriquecer e acrescentar atributos ao texto. Na postagem anterior, há um vídeo explicativo sobre esse tema muito bem elaborado pelo Professor Pasquale.

E por ultimo, a situacionalidade, que aborda a pertinência, relevância, contexto e adequação da informação contida no texto, por isso, este fator orienta tanto a produção quanto a recepção da construção textual.

Para você, professor, sugiro que ao lecionar uma aula sobre este assunto utilize um texto que seja cativante, intrigante, de modo despertar o interesse dos alunos. Como forma de fixação do conteúdo, você pode pedir que façam uma análise sobre o texto apresentado. Um exemplo básico, podendo ser uma crônica curta, ou as tradicionais fábulas, que ensinam juízos de valor. Mais tarde, você também pode solicitar que eles escrevam seu próprio texto, considerando todos os fatores da textualidade. Como sugestão, apresento a fábula da Lebre e da Tartaruga: 

"Um dia, uma Lebre ridicularizou as pernas curtas e a lentidão da Tartaruga. A Tartaruga sorriu e disse: "Pensa você ser rápida como o vento; Mas, acredito que Eu a venceria numa corrida."
A Lebre claro, considerou aquela insinuação como algo impossível de acontecer, e aceitou o desafio na hora.
Convidaram então a Raposa para servir de juiz, escolher o trajeto, e o ponto de chegada.
E no dia marcado, do ponto inicial, partiram juntos.
A Tartaruga, com seu passo lento, mas firme, determinada, concentrada, em momento algum, parou de caminhar rumo ao seu objetivo.
Mas a Lebre, confiante de sua velocidade, despreocupada com a corrida, deitou à margem da estrada para um rápido cochilo.
Ao despertar, embora corresse o mais rápido que suas pernas o permitissem, não mais conseguiu alcançar a Tartaruga, que já cruzara a linha de chegada, e agora descansava tranquila num canto."

Moral da História:

Ao trabalhador que realiza seu trabalho com zelo e persistência, o êxito é inevitável...

Caso queira, faça suas considerações pelos comentários.
Agradeço pela atenção!
Até a próxima! #ContextualizandoLP

Um comentário:

  1. Seu Blog está ótimo. Muito bom mesmo.
    Os textos escolhidos são pertinentes ao estudo da Teoria Linguística Textual, que estamos trabalhando em sala de aula.
    Ulisses, parabéns por suas contribuições.

    Atenciosamente,

    Profª Monique.

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